sexta-feira, 3 de julho de 2009

Episódios de Sanatório II

2ª feira,
O bloco de Loures estava agitado como de costume ás 2ªs feiras, o fim de semana fora das instalações por vezes provocava isso nos doentes.
Gustavo pecorria os corredores do bloco abrindo abruptamente as portas de todas as salas:
- Onde estão as minhas gajas?!!! – gritava
Na sua esquizofrenia, neste dia ainda mais perturbado do que o costume, Gustavo achava que Idalina, Francisca e Madalena, que nesse dia se encontravam no bloco principal, se escondiam dele de propósito, logo dele que na sua posição podia convidá-las, mas não pagar, que só pagava jantares, para lugares de acordo com a condição delas.
3ª feira,
Idalina, Francisca e Madalena regressam ao bloco de Loures logo pela manhã.
A sala delas tinha um cheiro esquisito, Francisca, que sofre de síndrome de pânico, pega, com grande aflição, no telefone e liga para Raul Duarte, enfermeiro chefe, supostamente Chefe do Centro de Despacho, e que estabelecia um contacto mais directo com as doentes, apresentando-se como um profissional desocupado, conversava com elas sobre trabalho, interesses pessoais e ligações amorosas e familiares (nomeadamente sobre filhas que não tinha), sendo através dos seus relatórios diários que era feita uma avaliação mais rigorosa:
- Cheira mal na sala - queixa-se Francisca aos berros
- Não fui eu – responde Raul – mas já vou aí…
4ª feira,
Gustavo deprime na sua sala, ainda não encontrou as suas fãs e sente-se abandonado, “ A casada tem a mania que é feliz, a outra traí-me com o PT (Personal Trainer) e a outra gosta de DOOOCES” – pensa referindo-se a Madalena, Francisca e Idalina.
Jesus Cristo passeia-se pelos corredores e na sua depressão proclama,
– Hoje o sol não vai nascer!!!
Porfírio Relva sofre de saudades por Silvia e suspira pelos corredores…
Teotónio que esteve na guerra do Iraque e sofre de trauma de guerra, acha-se no entanto um grande engatatão pergunta a todas as doentes que encontra,
- Onde é que vamos almoçar?!!!
As doentes olham para ele com um olhar triste e não respondem, Teotónio passa à sala seguinte com a mesma pergunta.
5ª feira,
Idalina, foge da sala de isolamento para junto das outras doentes e numa manifestação da sua perturbação esquizofrénica grita:
- Se ele aparecer aí, eu mato-me!!!! – refere-se a Lizandro que ela vira nos corredores do bloco de Loures.
Francisca em pânico grita: "Sangue não!!!"
Na sala, Madalena que sofre de herpetofobia, medo de cobras, e que ouvira à pouco, da parte do Raul Duarte uma história do aparecimento de uma enorme cobra numa secretária daquelas instalações, encontra-se encolhida na sua cadeira.
6ª feira,
Joaquim Marinho, médico directamente responsável, supostamente Chefe de Manutenção, entra de surpresa na sala de Idalina, Francisca e Madalena, encontrando-as juntas, com a aliança de casada de Madalena, pendurada num cabelo:
- O que é que estão a fazer?!!!
As três apanhadas de surpresa tentam disfarçar e atrapalhadas perguntam:
- Hoje almoça connosco?!!!
- Vocês não me enganam – afirma Joaquim – O que é que estavam a fazer?!!! - Joaquim suspeita de bruxaria e insiste com as três mas nenhuma delas lhe dá uma resposta convincente, “Vamos ter que começar com tratamentos mais agressivos" – pensa e vai a sair quando se justifica,
- Vou arranjar o ar condicionado de Adriano Castelo.

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