quarta-feira, 24 de junho de 2009

Episódios de Sanatório I

2ª feira, de um qualquer mês de Outubro,
Presentes ao bloco principal, de onde tinham sido transferidas à 2 semanas, o médico chefe conversa com as doentes, supostamente sobre um qualquer trabalho que estarão a fazer no bloco 2 e imprime relatórios,
- Amanhã entregam estes relatórios à Patrícia Silva – diz Lizandro, Patrícia era a psicóloga do 2ª bloco mas que, supostamente, será chefe de um qualquer departamento,
- Bom dia, João – Sebastião, doente da mesma instituição, um dos últimos a entrar no sanatório, assumindo a identidade de estagiário, e que sofre de perturbações de identidade sexual, assumindo por vezes identidades femininas e por outras masculinas, entra e cumprimenta apenas uma de entre as 7 pessoas presentes.
- Afinal enganei-me e vou ter que substituir os relatórios – Lizandro procura os relatórios antigos e rasga-os, Madalena debate-se com ele para segurar os papéis rasgados e ser ela a depositá-los no lixo, Lizandro acaba por ceder, não vê nisso nenhum perigo até porque está convencido que quer Madalena quer Francisca não irão ler os relatórios por estarem convencidas tratar-se de trabalho – Amanhã voltam para Loures - conclui.
3ª Feira
Gustavo, doente do bloco de Loures, que sofre de esquizofrenia e que se auto-intitula Engenheiro de Sistemas, entra na sala de Madalena e Francisca e espeta dois beijos a estas, a seguir goza com Francisca porque esta corou, Gustavo passeia-se pela sala e manda caixotes vazios ao ar, de repente pergunta:
- Alguém vai para Lisboa?
O regime semi-aberto do sanatório permite que alguns doentes vão dormir a casa e almocem fora, Gustavo sabe ser um homem giro e seguro de si espera uma verdadeira luta entre as duas pela “posse” da sua companhia, mas ambas respondem:
– Não!!!
Gustavo saí amuado e vai chorar para a sua sala, a sua auto-estima está em baixo.
Idalina aparece e as três saem para almoçar, Idalina ainda vem transtornada dos tratamentos, apesar de não se lembrar deles, e a sua condução torna-se perigosa, olha para as companheiras de viagem e vê nelas duas inimigas, manifestação da sua perturbação de afecto bipolar, enfia o carro numa rua estreita e amolga toda a parte direita do carro, de repente volta a si e tudo fica normal, estacionam e vão almoçar.
4ª Feira
Francisca e Madalena telefonam ao médico chefe, Adriano Castelo, este faz-se passar por Engenheiro Civil dentro da Instituição e mantém com os doentes apenas encontros esporádicos:
- Quer lanchar connosco?
- Não – responde o médico, é importante ver como as doentes reagem à rejeição – tenho um encontro na Ordem dos Engenheiros – justifica-se
Francisca, Madalena e Idalina dirigem-se tristes à cafetaria, mas o apelidado por elas de “Giro do Bar” sorri-lhes e dá-lhes um Olá, José, de seu nome, sofre de Sociofobia e tenta perder esse medo às pessoas tentando cumprimentá-las e sorrir-lhes, há vários meses em terapia as suas melhoras são muito lentas.
5ª Feira
Idalina é novamente levada para tratamentos, Sílvia não aparece junto das outras porque está a ser sujeita a tratamentos por choques eléctricos.
A meio da manhã Jesus Cristo passeia-se pelos corredores e proclama que o mundo vai acabar, “ – Não há salvação!!!”
Depois de almoço, Francisca, Madalena e Idalina sentam-se na esplanada da cafetaria, Rosário olha para elas e vê nelas uma ameaça, atira-lhes uma bola de matraquilhos que passa a rasar a cabeça de Madalena.
Sílvia continua sem aparecer e Porfírio Relva, único doente internado por livre vontade e que sabe que aquele local não é um normal local de trabalho mas sim um sanatório, procura por Sílvia e diz sentir saudades dela, Porfírio Relva apesar de não ser doente, já com 40 anos e devido a viver de rendimentos decidiu pedir internamento para assim ocupar os tempos livres.
6ª Feira
Idalina tenta outra vez matar-se e às suas colegas quando à hora de almoço ao chegar à instituição avança contra à cancela fechada,
- Queria transformar o meu carro num descapotável - comenta
Gustavo que tinha desaparecido desde terça – feira volta a aparecer na ala delas e para se vingar vai tentar deprimi-las inventando que Lisboa está a ser invadida por extraterrestres, traz nas mãos fotocópias de planos dos locais afectados, a que diz ter tido acesso devido à sua “posição” e lança o caos nas mentes das quatro doentes, depois despede-se com um sorriso sarcástico e antes de sair diz “Não é nada pessoal!”.

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